Para nós a morte extrema 
É começo, não é fim... 
Verás se te não respondo 
Mal que tu chames por mim...
 
 
Mortos somos nós agora, 
Que nem podemos falar, 
E a medo até escutamos 
O coração palpitar!
 
 
Ninguém viu as nossas asas, 
Tão encolhidas estão! 
Mas o negro céu da morte 
Tem uma livre extensão!
 
 
Abaixo do chão dez palmos 
Já não têm poder as leis, 
As leis que os homens puseram 
Em seus códigos cruéis...
 
 
Tua mão, que nunca em vida 
Pude na minha apertar, 
Há-de ali eternamente 
Sobre a minha mão pousar!
 
 
E um sopro da boca morta, 
Sem falas, me há-de dizer, 
Em língua que não é d'homens: 
«Nunca mais te hei-de perder!»
 
 
Como o túmulo é estreito... 
E é um mundo para nós! 
Este universo é que é túmulo 
Se eu não ouço a tua voz...