Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 17: Conclusão

Página 28

De outro que disse me desdigo, se algum inquisidor intolerável deparar aí heresia, contra-senso, atrevimento ou cousa que dúvida faça contra Plutus, único deus da única religião cujo código penal me intimida.

Há cousas incríveis neste volume? É que eu e os meus amigos literatos, poetas, jornalistas, e até redatores encartados de necrológicos sabemos passagens que arrepiam carnes e cabelos. Se o siso comum as não adopta, é que os cronistas do tempo formam, à parte, um status instatu, cousa ininteligível aos que não sabem latim, por grande fortuna sua.

Neste sinedrim há uma moral, estragada se o quiserem, mas os evangelistas, que a propagam, são Catões, contanto que os não obrigue a inquietar a sadia tranquilidade dos intestinos. Aqui, não se sacrifica um dedo a uma pisadela porque não vale a pena.

É necessário escrever, visto que há leitores.

Eu, e os meus correligionários, se até hoje não temos irradiado sobre a humanidade ondas de luz, é porque a humanidade precisava ser, muito, a concha em que, por aqui se escondiam muitos moluscos morais, que vão saindo agora a espanejar-se ao sol.

Não quero dizer que os moluscos passassem a articulados. Pode muito bem ser que o leitor, ou leitora sejam ainda legítimos moluscos; mas a excepção deplorável não claudica a generalidade. E, portanto:

Eu, e os meus amigos, mencionados acima, considerando que a candeia não deve estar muito tempo debaixo do alqueire, nem os talentos (dinheiro) soterrados vencem juros; e tendo nós, outrossim, em muito afã e desvelo desafrontar a literatura pátria de injúrias com que estrangeiros e nacionais a desconceituam, desairando-a como pobre de romances, pela sua incapacidade inventiva - o que não só é malícia, mas até aleivosia: resolvemos escrever romances em que figurassem muitas pessoas nossas conhecidas, e outras, que viremos a conhecer no decurso desta meritória tarefa.

<< Página Anterior

pág. 28 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Praga Rogada nas Escadas da Forca
Páginas: 29
Página atual: 28

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
I 2
II 3
III 4
IV 6
V 8
VI 9
VII 11
VIII 12
IX 14
X 17
XI 18
XII 20
XIII 22
XIV 23
XV 26
Conclusão 27