- Muito boa noite, senhor pároco.
Amélia costumava sempre ter um olá! ou um ora viva! muito amável; aquela secura aterrou-o; disse-lhe logo muito perturbado:
- Menina Amélia, eu peço-lhe que me perdoe... Foi um atrevimento... Eu nem soube o que fiz... Mas acredite... Estou resolvido a sair daqui. Até já pedi ao Sr, cônego Dias que me arranjasse casa...
Falava com o rosto baixo - e não via Amélia erguer os olhos para ele, surpreendida e toda desconsolada.
Neste momento a S. Joaneira entrou, e logo da porta, abrindo os braços:
- Viva! Então já sei, já sei! Disse-me o Sr. padre Natário: grande jantar! Conte lá, conte lá!
Amaro teve de dizer os pratos, as pilhérias do Libaninho, a discussão teológica; depois falaram da fazenda: e Amaro desceu, sem se ter atrevido a dizer à S. Joaneira que ia deixar a casa, - o que era, coitada, para a pobre mulher, uma perda de seis tostões por dial
Na manhã seguinte o cônego foi a casa de Amaro, pela manhã, antes de ir ao coro. O pároco fazia a barba à janela:
- O1á, padre-mestre! Que há de novo?
- Parece-me que se arranja a coisa! E foi por acaso, esta manhã... Há uma casita lá para os meus lados, que é um achado. Era do major Nunes, que vai mudado para o 5.
Aquela precipitação desagradou a Amaro: perguntou, dando desconsoladamente o fio à navalha:
- Tem mobília?
- Tem mobília, tem louças, tem roupas, tem tudo.
- Então...
- Então é entrar e começar a gozar. E aqui para nós, Amaro, você tem razão. Estive a pensar no caso... É melhor para você viver só. De modo que vista-se, e vamos ver a casita.
Amaro, calado, rapava a cara com desespero.