Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 23: Capítulo 23

Página 452
Filosofias, ideias, glórias profanas, gerações e impérios passam: são como os suspiros efêmeros do esforço humano: só ela permanece e permanecerá, a cruz - esperança dos homens, confiança dos desesperados, amparo dos frágeis, asilo dos vencidos, força maior da humanidade: crux triumphus adversus demonios, crux oppugnatorum murus...

Então o doutor entrou, muito escarlate, vibrante daquela tremenda batalha que estava dando lá dentro à morte; vinha buscar outro frasco; mas abriu a janela, sem uma palavra, para respirar um momento uma golfada de ar fresco.

- Como vai ela? perguntou o abade.

- Mal, disse o doutor, saindo.

O abade, então, ajoelhou, balbuciou a oração de S. Fulgêncio:

- Senhor, dá-lhe primeiro a paciência, dá-lhe depois a misericórdia...

E ali ficou, com a face nas mãos, apoiado à beira da mesa.

A um rumor de passos na sala ergueu a cabeça. Era a Dionísia, que suspirava, recolhendo todos os guardanapos que encontrava nas gavetas do aparador.

- Então, senhora, então? perguntou-lhe o abade.

- Ai, senhor abade, está perdidinha... Depois das convulsões que foram de arrepiar, caiu naquele sono, que é o sono da morte...

E olhando para todos os cantos como para se assegurar da solidão, disse muito excitada:

- Eu não quis dizer nada... Que o senhor doutor tem um gênio!... Mas sangrar a rapariga naquele estado é querer matá-la... Que ela tinha perdido pouco sangue, é verdade... Mas nunca se sangra ninguém em semelhante momento. Nunca, nunca!

- O senhor doutor é homem de muita ciência...

- Pode ter a ciência que quiser... Eu também não sou nenhuma tola... Tenho vinte anos de experiência... Nunca me morreu nenhuma nas mãos, senhor abade... Sangrar em convulsões? Até causa horror!...

Estava indignada. O senhor doutor tinha torturado a criaturinha. Até lhe quisera administrar clorofórmio...

<< Página Anterior

pág. 452 (Capítulo 23)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Crime do Padre Amaro
Páginas: 478
Página atual: 452

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 10
Capítulo 3 19
Capítulo 4 45
Capítulo 5 59
Capítulo 6 77
Capítulo 7 93
Capítulo 8 111
Capítulo 9 123
Capítulo 10 142
Capítulo 11 182
Capítulo 12 204
Capítulo 13 217
Capítulo 14 236
Capítulo 15 272
Capítulo 16 290
Capítulo 17 313
Capítulo 18 319
Capítulo 19 344
Capítulo 20 361
Capítulo 21 376
Capítulo 22 395
Capítulo 23 425
Capítulo 24 455
Capítulo 25 469