Mas Luísa tocou a campainha dentro.
- Adeus, Sra. Juliana - disse logo a outra, ajeitando o chapéu.
- Adeus, Sra. Justina.
Foi acompanhá-la ao patamar. Beijocaram-se. Juliana voltou muito apressada ao quarto de Luísa; estava já a pé, vestindo-se, muito alegre, cantarolando.
O bilhete de Leopoldina dizia na sua letra torta:
Meu marido vai hoje para o campo. Eu vou-te pedir de jantar, mas não posso ir antes das seis. Convém-te?
Ficou muito contente. Havia semanas que a não via... O que iam rir, palrar! E o Basílio devia vir às duas. Era um dia divertido, bem preenchido...
Foi logo à cozinha dar as suas ordens para o jantar. Quando descia, o criadito de Sebastião tocava a campainha, com um ramo de rosas, a saber se estava melhor.
- Que sim, que sim! - gritou logo Luísa. - E para o tranquilizar, para que ele não viesse: - Que estava boa, que até talvez saísse...
As rosas, sim, é que vinham a propósito. Foi ela mesma pô-las nos vasos, olhando sempre, o olhar vivo, satisfeita de si, da sua vida que se tornava interessante, cheia de incidentes...
E às duas horas, vestida, veio para a sala, pôs-se ao piano a estudar a Medjé de Gounod, que Basílio trouxera, e que a encantava agora muito, com os seus acentos suspirados e cálidos.
- Às duas e meia, porém, começou a estar impaciente; os dedos embrulhavam-se no teclado. - "Já devia ter vindo, Basílio!" - pensava.
Foi abrir as janelas, debruçar-se para a rua; mas a criada do doutor, que costurava por dentro dos vidros, ergueu logo olhos tão sôfregos que Luísa fechou rapidamente as vidraças. Veio recomeçar a melodia, já nervosa.
Uma carruagem rolou. Ergueu-se agitada; batia-lhe o coração. A carruagem passou...
Três horas já! O calor parecia-lhe maior, insuportável; sentia-se afogueada; foi cobrir-se de pó-de-arroz.