O Primo Basílio - Cap. 5: CAPÍTULO V Pág. 153 / 414

em atitudes lúgubres, ruminavam os jornais; aqui, além, junto a mesinhas redondas, pessoas de calça branca mastigavam torradas com uma satisfação plácida; as janelas estavam fechadas, a noite quente, e o calor mole do gás abafava. Ia descer quando de uma saleta de jogo, de repente, saiu o ruído irritado de uma altercação; trocavam-se injúrias, gritava-se: - Mente! O asno é você!

Basílio estacou, escutando. Mas subitamente, fez-se um grande silêncio; uma das vozes disse com brandura:

- Paus!

A outra respondeu com benevolência:

- É o que devia ter feito há pouco.

E imediatamente a questão rebentou de novo, estridente. Praguejavam, obscenidades.

Basílio foi ao bilhar. O Visconde Reinaldo, de pé, apoiado ao taco, seguia com uma imobilidade grave o jogo do seu parceiro; mas apenas viu Basílio, veio para ele rapidamente, e muito interessado:

- Então?

- Agora mesmo - disse Basílio mordendo o charuto.

- Enfim, hem? - exclamou Reinaldo, arregalando os olhos, com uma grande alegria.

- Enfim!

- Ainda bem, menino! Ainda bem!

Batia-lhe no ombro, comovido.

Mas chamaram-no para jogar; e todo estirado sobre o bilhar, com uma perna no ar, para dar com mais segurança o efeito, dizia com a voz constrangida pela atitude:

- Estimo, estimo, porque essa coisa começava a arrastar...

- Taque! Falhou a carambola.

- Não dou meia! - murmurou com rancor.

E chegando-se a Basílio, a dar giz no taco:

- Ouve cá...

Falou-lhe ao ouvido.

- Como um anjo, menino! - suspirou Basílio.





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