Enfim, um dia que o viu mais distraído, mais frio, explicou-se abertamente com ele. Direita, sentada no canapé de palhinha, falou com bom senso, devagar, com um ar digno e preparado: Que percebia bem que ele se aborrecia; que o seu grande amor tinha passado; que era portanto humilhante para ela verem-se nessas condições, e que julgava mais digno acabarem...
Basílio olhava-a, surpreendido da sua solenidade; sentia um estudo, uma afetação naquelas frases; disse muito tranquilamente, sorrindo:
- Trazias isso decorado!
Luísa ergueu-se bruscamente; encarou-o, teve um movimento desdenhoso dos lábios.
- Tu estás doida, Luísa?
- Estou farta. Faço todos os sacrifícios por ti; venho aqui todos os dias; comprometo-me, e para quê? Para te ver muito indiferente, muito secado...
- Mas meu amor...
Ela teve um sorriso de escárnio.
- Meu amor! Oh! São ridículos esses fingimentos!
Basílio impacientou-se.
- Já isso cá me faltava, essa cena! - exclamou impetuosamente. E cruzando os braços diante dela: - Mas que queres tu? Queres que te ame como