O Primo Basílio - Cap. 7: CAPÍTULO VII Pág. 194 / 414

.. Tratava-a por cima do ombro, como uma burguesinha, pouco educada e estreita, que apenas conhece o seu bairro. E um modo de passear, fumando, com a cabeça alta, falando no "espírito de madame de tal", nas "toaletes da condessa de tal"! Como se ela fosse estúpida, e os seus vestidos fossem trapos! Ah, era secante! E parecia, Deus me perdoe, parecia que lhe fazia uma honra, uma grande honra em a possuir... Imediatamente lembrava-lhe Jorge, Jorge que a amava com tanto respeito! Jorge, para quem ela era decerto a mais linda, a mais elegante, a mais inteligente, a mais cativante!... E já pensava um pouco que sacrificara a sua tranquilidade tão feliz a um amor bem incerto!

Enfim, um dia que o viu mais distraído, mais frio, explicou-se abertamente com ele. Direita, sentada no canapé de palhinha, falou com bom senso, devagar, com um ar digno e preparado: Que percebia bem que ele se aborrecia; que o seu grande amor tinha passado; que era portanto humilhante para ela verem-se nessas condições, e que julgava mais digno acabarem...

Basílio olhava-a, surpreendido da sua solenidade; sentia um estudo, uma afetação naquelas frases; disse muito tranquilamente, sorrindo:

- Trazias isso decorado!

Luísa ergueu-se bruscamente; encarou-o, teve um movimento desdenhoso dos lábios.

- Tu estás doida, Luísa?

- Estou farta. Faço todos os sacrifícios por ti; venho aqui todos os dias; comprometo-me, e para quê? Para te ver muito indiferente, muito secado...

- Mas meu amor...

Ela teve um sorriso de escárnio.

- Meu amor! Oh! São ridículos esses fingimentos!

Basílio impacientou-se.

- Já isso cá me faltava, essa cena! - exclamou impetuosamente. E cruzando os braços diante dela: - Mas que queres tu? Queres que te ame como





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