no teatro, em São Carlos? Todas sois assim! Quando um pobre diabo ama naturalmente, como todo o mundo, com o seu coração, mas não tem gestos de tenor, aqui del rei que é frio, que se aborrece, é ingrato... Mas que queres tu? Queres que me atire de joelhos, que declame, que revire os olhos, que faça juras, outras tolices?
- São tolices que tu fazias...
- Ao principio! - respondeu ele brutalmente. - Já nos conhecemos muito para isso, minha rica.
E havia apenas cinco semanas!
- Adeus! - disse Luísa.
- Bem. Vais zangada?
Ela respondeu, com os olhos baixos, calçando nervosamente as luvas:
- Não.
Basílio pôs-se diante da porta, e estendendo os braços:
- Mas sê razoável, minha querida. Uma ligação como a nossa não é o dueto do Fausto. Eu amo-te; tu, creio, gostas de mim; fazemos os sacrifícios necessários; encontramo-nos, somos felizes... Que diabo queres tu mais? Por que te queixas?
Ela respondeu com um sorriso irônico e triste:
- Não me queixo. Tens razão.
- Mas não vás zangada, então.
- Não...
- Palavrinha?
- Sim...
Basílio tomou-lhe as mãos.
- Dê então um beijinho em Bibi...
Luísa beijou-o de leve na face.
- Na boquinha, na boquinha! - E ameaçando-a com o dedo, fitando-a muito: - Ah, geniozinho! Tens bem o sangue do Sr. Antônio de Brito, nosso extremoso tio, que arrepelava as criadas pelos cabelos! - E sacudindo-lhe o queixo: - E vens amanhã?
Luísa hesitou um momento:
- Venho.
Entrou em casa exasperada, humilhada. Eram seis horas. Juliana veio dizer-lhe logo muito quizilada: que a Joana tinha saído às quatro horas; não tinha voltado; o jantar estava por acabar...
- Onde foi?
Juliana encolheu os ombros com um sorrisinho.
Luísa percebeu. Tinha ido a algum amante, a algum amor.