A prima abanou a cabeça, teimosa.
- Não. Disse que foi educado em França. Disse que não sabia falar inglês e que era por isso que não era capaz de falar comigo. E não era!
Mrs. Legendre desviou os olhos impaciente, enquanto a prima acrescentava pensativa: - Talvez fosse por estar tão bêbedo - e saiu do quarto.
Esta curiosa descrição era verdadeira. Anson, sabendo-se com a voz pastosa e descontrolada, adoptara a desculpa usual de que não falava inglês. Anos depois ele costumava contar esta parte da história e invariavelmente transmitia às outras pessoas as ruidosas gargalhadas que a recordação lhe provocava.
Na hora que se seguiu, por cinco vezes Mrs. Legendre tentou telefonar para Hampstead. Quando o conseguiu, passaram mais dez minutos antes de ouvir a voz de Paula.
- A prima Jo disse-me que Anson estava embriagado.
- Oh, não...
- Oh, sim. A prima Jo diz que ele está embriagado. Disse-lhe que era francês e caiu da cadeira e comportou-se como se estivesse muito embriagado. Não quero que voltes para o hotel com ele.
- Mãe, ele está bem! Por favor, não te preocupes.
- Mas preocupo-me. Acho que é horrível. Quero que me prometas que não regressas com ele. - Eu encarrego-me do assunto, mãe...
- Não quero que regresses com ele.
- Está bem, mãe. Adeus.
- Vê lá, Paula. Pede a alguém que te traga.
Propositadamente Paula tirou o auscultador do ouvido e pô-lo no seu lugar. Tinha o rosto afogueado de irritação impotente. Anson estava estendido a dormir num quarto do andar de cima, enquanto cá em baixo o jantar se encaminhava desajeitadamente para o fim.
A hora durante a qual guiara tinha-o tornado mais sóbrio - a sua chegada foi simplesmente cómica - e Paula teve esperanças de que a noite não estivesse estragada, afinal, mas dois aperitivos imprudentes antes do jantar completaram o desastre.