Quando ela acabou de falar, Anson falou por sua vez, muito sóbrio. Então Paula disse ter de rever o assunto; não decidiria nada nessa noite; não estava zangada, mas lamentava muito tudo o que se passara. Nem o deixaria entrar no hotel com ela, mas antes de sair do carro inclinou-se e beijou-o na face sentindo-se muito infeliz.
Na tarde seguinte Anson teve uma longa conversa com Mrs. Legendre, enquanto Paula escutava em silêncio. Assentaram em que Paula iria pensar no incidente durante um período conveniente, e depois, se ela e a mãe achassem que era o melhor a fazer, iriam com Anson para Pensacola. Por seu lado, ele pediu desculpa com sinceridade e dignidade, e foi tudo. Com todas as cartas na mão, Mrs. Legendre não foi capaz de marcar vantagem sobre ele. Não fez promessas, não mostrou humildade, apenas debitou alguns comentários sérios sobre a vida" o que acabou por o fazer sair-se do caso com certa superioridade moral. Quando foram para o sul três semanas depois, nem Anson no seu contentamento nem Paula no seu alívio por estarem de novo juntos, se aperceberam de que o momento psicológico passara para sempre.
IV
Ele dominava-a e atraía-a e, ao mesmo tempo, enchia-a de ansiedade. Confusa com esta mistura de firmeza e auto-indulgência, de sentimentalidade e de cinismo - incongruências que o seu espírito doce não conseguia explicar - Paula acabou por pensar nele como sendo duas personalidades que se alternavam. Quando o via sozinho ou numa festa formal, ou com os seus inferiores do momento, sentia um tremendo orgulho pela sua presença forte e atraente, pela estatura paternal e compreensiva do seu espírito. Em companhia de outros ficava pouco à vontade: quando aquilo que fora uma bela impenetrabilidade a mera cortesia mostrava a sua outra face.