Com alguma dificuldade, coibiu-se de se voltar para o homem e rosnar-lhe «Põe-te a andar, vai para o diabo!» Desesperado, pensou que talvez Dean tivesse combinado com ele acompanhá-los para evitar uma discussão sobre o dinheiro.
Entraram no Biltmore - um Biltmore cheio de raparigas - principalmente vindas da costa oeste e do sul, as meninas bem de muitas cidades, reunidas para debutarem no baile de uma famosa associação de estudantes de uma universidade famosa. Mas para Gordon eram como rostos num sonho. Reuniu forças para um último apelo, estava quase a dizer não sabia bem o quê, quando Dean, de repente, pediu desculpa ao outro e, agarrando no braço de Gordon, puxou-o para o lado.
- Gordon - disse ele apressado -, pensei muito bem na coisa e decidi que não posso emprestar-te o dinheiro. Gostava de te fazer o jeito, mas julgo que não devo; ia ficar atrapalhado durante um mês.
Olhando para ele tristemente, Gordon perguntou a si mesmo porque não notara antes quanto aqueles dentes de cima eram protuberantes.
- Lamento muito, Gordon - continuou Dean - mas é assim.
- Tirou a carteira e propositadamente contou setenta e cinco dólares em notas.
- Toma - disse estendendo-lhas - estão aqui setenta e cinco; ao todo fazem oitenta. É todo o dinheiro que tenho comigo além do que gastei na viagem.
Gordon levantou a mão fechada automaticamente, abriu-a como se fosse pegar numa tenaz e voltou a fechá-la sobre o dinheiro.
- Encontramo-nos no baile - continuou Dean.
- Tenho de me ir embora para o barbeiro.
- Até logo - disse Gordon com voz tensa e rouca.
- Até logo.
Dean começou a sorrir, mas mudou de ideias. Acenou com a cabeça e desapareceu.
E Gordon ali ficou, o belo rosto crispado de angústia e o maço de notas bem apertado na mão.
