- Quero ir para casa - pediu novamente Edna.
- Oh, não nos fizeste já suficiente mal para um dia só?
Lá fora estava escuro, excepto pelo clarão esbatido que descia da Sexta Avenida. A essa luz, aqueles dois que tinham sido amantes, olharam pela última vez para os rostos trágicos um do outro, compreendendo que entre eles não havia juventude e força suficientes para afastarem a sua eterna separação. Sloane caminhou subitamente pela rua abaixo e Anson bateu no braço de um motorista de táxi que dormitava.
Eram quase quatro horas; havia um fluxo paciente de água de limpeza ao longo do pavimento espectral da Quinta Avenida, e as sombras de duas mulheres da noite passavam rapidamente contra a fachada escura da Igreja de St. Thomas. Depois, os arbustos desolados de Central Park onde Anson tinha brincado tantas vezes em criança e os números crescentes das ruas, significativos como nomes. Esta era a sua cidade, pensava ele, onde o seu nome florescera durante cinco gerações. Nenhuma mudança podia alterar a permanência do seu lugar ali, pois que a própria mudança era o substrato essencial pelo qual ele e os outros com o seu nome se identificavam com o espírito de Nova Iorque. Engenho e uma vontade forte - pois que as suas ameaças em mãos mais fracas teriam sido menos do que nada - tinham sacudido o pó que se acumulava no nome do seu tio, no nome da família, vindo daquele vulto trémulo sentado a seu lado no carro.
O corpo de Cary Sloane foi encontrado na manhã seguinte no tabuleiro inferior de um pilar de Queensboro Bridge. Na escuridão e no seu desnorteamento pensara que era a água que corria negra por baixo dele, mas em menos de um segundo já não fazia diferença - a não ser que tivesse querido dedicar um último pensamento a Edna, e gritar o nome dela enquanto lutava debilmente na água.