Parou uma vez e olhou para a montra de um retroseiro.
- Gravatas de crepe - disse - não as via desde que saí da faculdade.
- Onde andou?
- Em Massachusetts.
- Belo lugar.
- Na próxima semana vou lá visitar aquilo. Vamos comer por aqui - estavam nos últimos números da casa dos cinquenta. - Escolha você.
Mesmo à esquina havia um bom restaurante com um pequeno toldo.
- O que é que está mais interessado em ver? - perguntou Orrison ao sentarem-se.
Trimble reflectiu.
- Bom; a parte de trás da cabeça das pessoas sugeriu. - Os pescoços, como as cabeças se prendem aos corpos. Gostaria de ouvir o que aquelas duas rapariguinhas estão a dizer ao pai. Não exactamente o que estão a dizer, mas se as palavras flutuam ou se se afundam" como as bocas se fecham quando acabam de falar. E apenas uma questão de ritmo; Cole Porter regressou aos Estados Unidos em 1928 porque sentiu que havia por cá ritmos novos.
Agora Orrison tinha a certeza de ter descoberto uma pista, e com grande delicadeza não a seguiu nem um milímetro, abafando mesmo um súbito desejo de dizer que havia um belo concerto em Carnegie Hall nessa noite.
- O peso das colheres - disse Trimble - tão leve. Uma conchinha com uma haste. O tom dos olhos daquele criado. Conheço-o mas ele não deve lembrar-se de mim.
Mas quando saíram do restaurante o mesmo criado olhou um tanto admirado para Trimble como se quase o conhecesse. Quando já estavam lá fora Orrison riu-se:
- Passados dez anos as pessoas esquecem.
- Oh, jantei ali em Maio passado - interrompeu de maneira abrupta.
Era tudo uma loucura, decidiu Orrison, e transformou-se de repente em guia.
- Daqui tem-se um bom instantâneo do Centro Rockefeller - e apontou gracejando - e do Edifício
Chrysler e do Edifício Armistead, o papá de todos os novos.
