Era bonita, com olhos escuros e uma cor de febre, e tinha os olhos atentos' fixos no companheiro, com a vivacidade de um falcão. De tempos a tempos inclinava-se e segredava-lhe, concentrada, e ele respondia-lhe inclinando pesadamente a cabeça, ou com um piscar de olhos particularmente macabro e repelente.
Rose observou-os em silêncio durante alguns minutos, até que a mulher lhe lançou um olhar rápido e ofendido; então ele desviou os olhos para dois dos passeantes mais visivelmente divertidos, num grande grupo de mesas. Para surpresa sua, reconheceu num deles o jovem que tão estranhamente o recebera no Delmonico. Isto fê-lo pensar em Key com certo sentimentalismo não isento de medo. Key estava morto. Tinha caído da altura de dez metros esmagando o crânio como um coco rachado.
«Era um gajo bem porreiro», pensou Rose contristado. «Era mesmo um gajo porreiro. Tinha tido muito pouca sorte.»
Os dois passeantes aproximaram-se e passaram entre a mesa de Rose e a seguinte, dirigindo-se tanto a amigos como a estranhos com uma familiaridade jovial. De repente, Rose viu o loiro de dentes salientes parar, olhar cambaleante para o homem e a rapariga no lado oposto e depois começar a abanar com a cabeça de um lado para o outro, em jeito de censura.
O homem com os olhos raiados de sangue olhou para cima.
- Gordonzinho - disse o passeante dos dentes saídos. - Gordonzinho.
O Dentes-Saídos sacudiu os dedos com pessimismo para o casal, lançando à mulher um olhar de distante reprovação.
- Que foi que eu te disse, Gordonzinho? Gordon agitou-se na cadeira.
- Vai para o diabo! - disse.
Dean continuou no mesmo lugar abanando o dedo. A mulher começava a zangar-se.
- Ponha-se a andar - gritou com raiva. - Você está bêbedo, é o que é!
- E ele também - afirmou Dean apontando para Gordon.