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O senhor «Entrada» e o senhor «Saída» não estão incluídos no recenseamento. Pode-se procurá-los em vão nos registos de nascimento, casamento e óbito, ou na volumosa lista de fiados da mercearia. O esquecimento engoliu-os e o testemunho de que alguma vez existiram é vago e obscuro, e inadmissível num tribunal. No entanto, sei da melhor fonte que, durante um breve espaço, o senhor «Entrada» e o senhor «Saída» respiraram, responderam pelos nomes e irradiaram personalidades próprias e muito vincadas.
Durante o curto período das suas vidas passearam-se nos seus trajos naturais pela grande estrada de uma grande nação; foram troçados, amaldiçoados, perseguidos e expulsos. Depois desapareceram e não mais se ouviu falar deles.
Estavam já a tomar uma vaga forma quando um táxi com a capota aberta desceu a Broadway na luz difusa e ténue da manhã de Maio. No táxi iam as pessoas do senhor «Entrada» e do senhor «Saída» discutindo com admiração a luz azul que tão repentinamente colorira o céu, por trás da estátua de Cristóvão Colombo, discutindo perplexos os rostos velhos e cinzentos dos que se tinham levantado cedo e deslizavam, lívidos, pela rua, como pedaços de papel soprados pelo vento para um lago cinzento. Estavam de acordo em tudo, desde o ridículo do segurança do «Child’s» até ao ridículo das coisas da vida. Estavam tontos com a extrema felicidade sentimental que a manhã fizera despertar nas suas almas em brasa. Na verdade, o seu prazer de viver era tão forte e novo, que sentiram que deviam exprimi-lo em altos gritos.