Após mais alguns minutos de deslumbramento decidiram mandar vir outra garrafa. O criado, preocupado, consultou o seu superior imediato, e esta discreta personagem deu instruções implícitas no sentido de não ser servido mais champanhe. Trouxeram-lhes a conta.
Cinco minutos depois, de braço dado, saíram do Commodore e meteram-se numa multidão curiosa e espantada ao longo da Rua 42, pela Avenida Vanderbilt até ao Biltmore. Aí, com súbita destreza, puseram-se à altura do lugar e atravessaram o átrio, caminhando depressa e estranhamente direitos.
Uma vez na sala de jantar, repetiram a representação. Estavam dilacerados entre ataques de riso convulsivos e intermitentes e súbitas discussões sobre política, a universidade e os seus radiosos estados de alma. Os relógios disseram-lhes que eram agora nove horas, e surgiu-lhes uma ideia nebulosa de terem estado numa festa memorável, qualquer coisa de que se lembrariam sempre. Demoraram a esvaziar a segunda garrafa. Bastava qualquer deles mencionar a palavra «apavorante» para entrarem ambos em desenfreados arquejos. A sala de jantar estava agora barulhenta e animada; uma estranha luminosidade penetrava e rarefazia o ar pesado.
Pagaram a conta e saíram para o átrio.
Foi nesse momento que as portas exteriores giraram pela milésima vez nessa manhã, deixando entrar no átrio uma jovem beldade muito pálida com grandes olheiras negras, envergando um vestido de noite muitíssimo amarrotado. Estava acompanhada por um homem forte e modesto, que não era, obviamente, o acompanhante apropriado.
No cimo das escadas este par encontrou-se com o senhor «Entrada» e o senhor «Saída».
- Edith - começou o senhor «Entrada» dirigindo-se a ela sorridente - minha querida, bom dia.
O homem forte olhou, intrigado, para Edith, como se estivesse pura e simplesmente a pedir-lhe licença para lhe tirar aquele tipo do caminho, sem mais conversa.