- Desculpa a familiaridade - acrescentou Peter reconsiderando. - Bom dia, Edith.
Agarrou o cotovelo de Dean e empurrou-o para a frente.
- Apresento-te o senhor «Saída», Edith, o meu melhor amigo. Inseparáveis. O senhor «Entrada» e o senhor «Saída».
O senhor «Saída» avançou e fez uma vénia; a verdade é que avançou tanto e curvou-se tanto, que se desequilibrou ligeiramente e só conseguiu equilibrar-se pondo ao de leve uma mão no ombro de Edith.
- Sou o senhor «Saída», Edith - murmurou divertido. – Senhor entrada Senhor saída.
- Senhor entrada e saída - disse Peter orgulhoso. Mas Edith olhava em frente, com os olhos fixos nalguma mancha longínqua, na galeria por cima dela. Fez um sinal com a cabeça ao homem forte, que avançou como um touro e, com um gesto firme e decidido, empurrou o senhor «Entrada» e o senhor «Saída» cada um para seu lado. E por esta ala caminharam, ele e Edith.
Mas dez passos à frente Edith parou de novo, parou e apontou para um soldado baixo e moreno que olhava a multidão em geral e o quadro formado pelo senhor «Entrada» e o senhor «Saída» em particular, com uma espécie de receio espantado e fascinado.
- Ali - gritou Edith -, olhe ali!
A voz elevou-se, ficou quase esganiçada. O dedo com que apontava tremia ligeiramente.
- Está ali o soldado que partiu a perna ao meu irmão.
Houve uma dúzia de exclamações; um homem de fraque saiu do seu lugar junto de uma secretária e avançou com ímpeto; o homem forte deu uma espécie de salto na direcção do soldado moreno e baixo e toda a gente do átrio se pôs à volta do pequeno grupo, tapando-o da vista do senhor «Entrada» e do senhor «Saída».
Mas para o senhor «Entrada» e para o senhor «Saída» este acontecimento foi apenas um pedaço colorido e iridescente de um mundo rodopiante e barulhento.