O Grande Gatsby - Cap. 1: Capítulo I Pág. 11 / 173

Fiquei irritado.

- Mas há-de ouvir - respondi laconicamente. - Se ficar pelo Leste, há-de ouvir falar nela.

- Oh, sim, vou ficar pelo Leste, não se aflija - disse ele, olhando de relance para Daisy e logo de novo para mim, como se estivesse alerta pata mais alguma coisa. - Seria completamente louco se fosse viver para outra parte qualquer.

Neste preciso momento, Miss Baker disse:

- Absolutamente! - com uma tal prontidão, que tive um sobressalto. Era a primeira palavra que proferia desde que eu rinha entrado na sala. Evidentemente que isso a surpreendeu tanto como a mim, pois logo a seguir bocejou e, com uma série de movimentos rápidos e ágeis, pôs-se de pé.

- Estou perra - queixou-se. - Estive deitada nesse sofá por mais tempo do que me lembro já ter estado.

- Escusas de olhar para mim - retorquiu Daisy -, passei a tarde inteira a tentar levar-te para Nova Iorque.

- Não, obrigada - disse Miss Baker, referindo-se a um dos quatro cocktails que acabavam de chegar da copa. - Estou em fase de treino intenso.

O dono da casa olhou para ela com um ar incrédulo.

- Não me diga - sorveu a bebida como se fosse uma gota no fundo do copo. - Como consegue fazer alguma coisa é que eu não percebo.

Olhei para Miss Baker, desejoso de saber que coisa tinha ela «conseguido fazer». Deu-me prazer olhar para ela. Era uma rapariga esguia, de seios pequenos e postura erecta, que ela acentuava lançando o corpo para trás ao nível dos ombros, como um jovem cadete. Os seus olhos cinzentos, enrugados do sol, devolveram-me o olhar, de delicada curiosidade recíproca, de um rosto pálido, encantador e descontente. Foi então que me ocorreu que já a tinha visto algures em pessoa ou, pelo menos, em fotografia.

- Você vive em West Egg - observou com desdém.





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