Conheço lá uma pessoa.
- Pois eu não conheço vivalma.
- Mas deve conhecer o Gatsby.
Antes que eu pudesse responder que era um vizinho meu, o jantar foi anunciado. Cravando-me o seu braço tenso como uma tenaz, imperativamente, no cotovelo, Tom Buchanan forçou-me a sair da sala como se deslocasse um peão para outro quadrado do tabuleiro de xadrez.
Esguias e lânguidas, as mãos levemente assentes sobre as ancas, as duas mulheres precederam-nos a caminho de um pórtico cor-de-rosa, aberto a poente, onde quatro velas acesas tremeluziam sobre a mesa, expostas ao vento que entretanto abrandara.
- Porquê velas? - objectou Daisy, franzindo o sobrolho. Apagou-as com os dedos. - Dentro de duas semanas teremos o dia mais longo do ano. - Olhou para todos nós com um ar radiante. - Também vos acontece esperarem ansiosamente que chegue o dia mais longo do ano e, quando chega, esquecerem-se dele? Comigo acontece sempre isso.
- Devíamos planear qualquer coisa - bocejou Miss Baker, sentando-se à mesa como se fosse para a cama.
- Boa ideia- disse Daisy. - Então, que planos vamos nós fazer? - Voltou-se para mim, indefesa: - Que tipo de planos costumam as pessoas fazer?
Sem esperar pela minha resposta, os seus olhos fixaram-se com expressão de terror no seu dedo mindinho.
- Vejam o que me aconteceu! - lamentou-se. - Magoei-me no dedo.
Olhámos todos - a articulação estava azul e preta.
- Foste tu que me fizeste isto, Tom! - disse em tom acusador. - Sei que não foi de propósito, mas foste tu. É o que eu ganho em ter casado com um bruto como tu, um grande, imenso, avantajado espécime físico de um...
- Detesto essa palavra «avantajado», mesmo que seja a brincar.
- Avantajado! - insistiu Daisy.
Por vezes, ela e Miss