O Grande Gatsby - Cap. 7: Capítulo VII Pág. 121 / 173

viva a memória física de que, no decorrer dele, a roupa interior se me foi enroscando pelas pernas acima como uma cobra viscosa, e que frias gotas de suor me escorriam intermitentemente pelas costas abaixo. Por sugestão de Daisy nasceu a ideia de alugarmos cinco casas de banho para tomarmos banhos frios, ideia que assumiu depois a forma mais tangível de «um local onde pudéssemos tomar um mint julep. Cada um de nós repetiu vezes sem conta que era uma «ideia maluca» - falávamos todos ao mesmo tempo para um empregado assarapantado, pensando, ou fingindo pensar, que estávamos a ter imensa graça...

A sala era ampla e abafada e, embora fossem já quatro da tarde, as janelas abertas admitiam apenas uma lufada de ar quente a cheirar aos arbustos do Parque. Daisy foi para a espelho e pôs-se, de costas para nós, a compor o cabelo.

- Excelente suite esta! - murmurou Jordan, sisuda, e todos nós rimos.

- Abram outra janela! - ordenou Daisy, sem se voltar.

- Não há mais janelas para abrir!

- Então é melhor pedirmos para a recepção um machado...

- O melhor que há a fazer é esquecer o calor! - disse Tom, impaciente. - Com tanta lamúria, ainda o tornas dez vezes pior!

Desembrulhou da toalha a garrafa de uísque e pô-la em cima da mesa.

- Porque é que não a deixa em paz, meu velho? - comentou Gatsby.

- O senhor é que quis vir à cidade!

Houve um momento de silêncio. A lista dos telefones escorregou do prego e estatelou-se no chão, ao que Jordan murmurou:

- Peço desculpa! - Mas desta vez ninguém se riu.

- Eu apanho-a - ofereci-me.

- Já está. - Gatsby examinou com interesse o cordel, que se partira, fez «hum!» e atirou a lista para cima de uma cadeira.

- Gosta muito dessa expressão, não gosta? - disse Tom, incisivo.





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