viva a memória física de que, no decorrer dele, a roupa interior se me foi enroscando pelas pernas acima como uma cobra viscosa, e que frias gotas de suor me escorriam intermitentemente pelas costas abaixo. Por sugestão de Daisy nasceu a ideia de alugarmos cinco casas de banho para tomarmos banhos frios, ideia que assumiu depois a forma mais tangível de «um local onde pudéssemos tomar um
mint julep. Cada um de nós repetiu vezes sem conta que era uma «ideia maluca» - falávamos todos ao mesmo tempo para um empregado assarapantado, pensando, ou fingindo pensar, que estávamos a ter imensa graça...
A sala era ampla e abafada e, embora fossem já quatro da tarde, as janelas abertas admitiam apenas uma lufada de ar quente a cheirar aos arbustos do Parque. Daisy foi para a espelho e pôs-se, de costas para nós, a compor o cabelo.
- Excelente suite esta! - murmurou Jordan, sisuda, e todos nós rimos.
- Abram outra janela! - ordenou Daisy, sem se voltar.
- Não há mais janelas para abrir!
- Então é melhor pedirmos para a recepção um machado...
- O melhor que há a fazer é esquecer o calor! - disse Tom, impaciente. - Com tanta lamúria, ainda o tornas dez vezes pior!
Desembrulhou da toalha a garrafa de uísque e pô-la em cima da mesa.
- Porque é que não a deixa em paz, meu velho? - comentou Gatsby.
- O senhor é que quis vir à cidade!
Houve um momento de silêncio. A lista dos telefones escorregou do prego e estatelou-se no chão, ao que Jordan murmurou:
- Peço desculpa! - Mas desta vez ninguém se riu.
- Eu apanho-a - ofereci-me.
- Já está. - Gatsby examinou com interesse o cordel, que se partira, fez «hum!» e atirou a lista para cima de uma cadeira.
- Gosta muito dessa expressão, não gosta? - disse Tom, incisivo.