O Grande Gatsby - Cap. 7: Capítulo VII Pág. 125 / 173

- Vamos embora, Tom. Ninguém quer beber nada.

- Quero saber o que é que o senhor Gatsby tem para me dizer.

- A sua mulher não o ama - disse Gatsby. - Nem nunca o amou. É a mim que ela ama.

- Deve estar louco! - exclamou Tom automaticamente. Gatsby pôs-se de pé num pulo, vivamente excitado.

- Ela nunca o amou, está a ouvir? - gritou ele. - Só se casou consigo porque eu era pobre e se cansou de esperar por mim. Foi um erro terrível, mas lá no íntimo dela nunca amou mais ninguém a não ser a mim!

Nesta altura, Jordan e eu tentámos sair, mas Tom e Gatsby insistiram com competitiva firmeza que ficássemos - como se nenhum deles tivesse nada a esconder e fosse um privilégio partilhar com simpatia as suas emoções.

- Senta-te, Daisy! - A voz de Tom sondou em vão a nota paternalista. - Que se tem estado a passar? Quero saber tudo!

- Já lhe disse o que se tem passado - disse Gatsby. - O que se passa há cinco anos... e que o senhor não sabia.

Tom voltou-se bruscamente para Daisy:

- Tens-te encontrado com este sujeito, nestes cinco anos?

- Encontrar, não - disse Gatsby. - Não nos podíamos encontrar. Mas continuámos a amar-nos durante este tempo todo, meu velho, e você não sabia. Às vezes ria-me - mas agora estava sério - só de pensar que você não sabia.

Tom bateu com os grossos dedos uns nos outros, como um clérigo, e reclinou-se na cadeira:

- Oh... é tudo. - Depois explodiu: - Você está é louco!

Não posso falar do que se passou há cinco anos, porque nessa altura nem conhecia a Daisy... mas raios me partam se você conseguiu alguma vez aproximar-se dela a uma milha sequer, a menos que fosse você quem lhe levava as mercearias à porta das traseiras! Quanto ao resto, é uma mentira execrável. A Daisy amava-me quando se casou comigo, e ainda hoje me ama.





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