O Grande Gatsby - Cap. 7: Capítulo VII Pág. 126 / 173

- Não! - disse Gatsby, abanando a cabeça.

- Isso é que me ama! O único problema é que às vezes se lhe metem umas ideias malucas na cabeça e não sabe o que faz nem o que diz. - Acenou com gravidade. - E o que é mais, é que eu também amo a Daisy! Uma vez por outra lá vou a uma farra e faço má figura, mas volto-sempre para casa e cá no meu íntimo é sempre dela que continuo a gostar.

- És revoltante! - disse Daisy. - Virou-se para mim e a sua voz, uma oitava abaixo, encheu a sala de incisivo desdém: - .Sabe por que é que saímos de Chicago? Até me admira como nunca lhe contaram a história dessa «farra»!

Gatsby foi pôr-se ao lado dela e disse-lhe com determinação:

- Mas, Daisy, tudo isso acabou. Já não importa. Diz-lhe só a verdade... que nunca o amaste... e está tudo acabado para sempre.

Ela olhou-o cegamente.

- Mas... como é que era possível tê-lo amado... alguma vez?

- Nunca o amaste!

Ela hesitou. Os seus olhos caíram em Jordan e em mim, numa espécie de súplica, como se finalmente compreendesse o que estava a fazer - e como se nunca, durante todo este tempo, tivesse tencionado fazer o que quer que fosse. Mas agora estava feito. Era tarde demais.

- Nunca te amei - disse ela, com perceptível relutância.

- Nem em Kapiolani? -perguntou Tom de repente.

-Não.

Da sala de baile, lá em baixo, os acordes surdos e sufocantes subiam com as lufadas de ar quente.

- Nem naquele dia em que te levei ao colo, à saída do Punch Bowl, para não molhares os sapatos? - Havia na sua voz uma ternura áspera: -... Daisy?

- Por favor, acaba com isso! - A voz dela era fria, mas o rancor abandonara-a. Olhou para Gatsby. - Aí tem, Jay! - disse ela, mas a mão tremeu-lhe, ao tentar acender um cigarro. De repente, atirou com o cigarro e o fósforo a arder para cima do tapete.





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