O Grande Gatsby - Cap. 1: Capítulo I Pág. 14 / 173

- Este tipo esgotou o tema. Agora, é a nós que somos a raça dominante, que compete estar atentos, caso contrário são as outras raças que vão acabar por ter o controlo da situação.

- Havemos de conseguir derrubá-las - murmurou Daisy, piscando ferozmente os olhos ao sol ardente.

- Devia viver na Califórnia - começou Miss Baker, mas Tom interrompeu-a, mudando, a custo, de posição na cadeira.

- A ideia é que nós somos nórdicos. Eu, você, e você, e... - após uma hesitação infinitesimal, incluiu Daisy com uma ligeira inclinação de cabeça e ela voltou a piscar-me o olho. - E fomos nós que produzimos todas as coisas que contribuem para construir a civilização. Oh, a ciência e a arte e isso tudo. Está a perceber?

Havia algo de patético na sua concentração, como se a sua complacência, agora mais aguda do que antigamente, já não lhe bastasse. Quando, quase imediatamente a seguir, o telefone tocou lá dentro e o mordomo deixou a galeria para ir atendê-lo, Daisy aproveitou aquela momentânea interrupção e debruçou-se sobre mim.

- Vou contar-lhe um segredo de família - cochichou entusiasticamente -, tem a ver com o nariz do mordomo. Quer ouvir a história do nariz do mordomo?

- Foi para isso que eu cá vim esta noite.

- Bom, ele não foi sempre mordomo; começou por ser polidor de pratas de umas certas pessoas de Nova Iorque, que tinham um serviço de prata de duzentas pessoas. O trabalho dele era limpá-las de manhã à noite, até que isso começou a afectar-lhe o nariz.

- As coisas foram de mal a pior - interveio Miss Baker.

- Sim. As coisas foram de mal a pior, até que ele teve de deixar o emprego.

Os últimos raios de sol incidiram por instantes, com romântica ternura, sobre o seu rosto incandescente; a sua voz obrigou-me





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