O Grande Gatsby - Cap. 8: Capítulo VIII Pág. 146 / 173

Depois, à saída da cidade, irromperam campos e subúrbios, com um eléctrico amarelo a correr a par do comboio por um minuto, cheio de pessoas que, casualmente, podiam já ter-se cruzado com a pálida magia do rosto dela, ao longo de uma rua qualquer.

A linha férrea fazia agora uma curva e o comboio afastava-se do sol, que, descendo cada vez mais no horizonte, parecia derramar-se como uma bênção sobre a cidade a perder-se, onde ela tinha respirado. Estendeu a mão desesperadamente, como para agarrar um nadinha desse ar, para guardar um fragmento do lugar que ela tinha tornado para ele encantador. Mas tudo corria agora demasiado depressa perante os seus turvos olhos e ele percebeu que desse todo tinha perdido a parte mais fresca, e a melhor, para sempre.

Eram nove horas quando acabámos de tomar o pequeno-almoço e saímos para a varanda. Durante a noite produzira-se uma nítida alteração no estado do tempo e havia no ar um gostinho de Outono. O jardineiro, o último dos anteriores empregados de Gatsby, aproximou-se do fundo das escadas:

- Hoje vou esvaziar a piscina, senhor Gatsby. Não tarda que as folhas comecem a cair e depois entopem os canos.

- Não tem de ser hoje - respondeu Gatsby. Voltou-se para mim, apologeticamente: - Acredita, meu velho, que este Verão não fiz uso da piscina uma única vez?

Olhei para o relógio e levantei-me.

- Faltam doze minutos para o meu comboio.

Não me apetecia ir para a cidade. Não estava capaz de fazer fosse o que fosse, mas, mais do que isso, não queria deixar Gatsby sozinho. Perdi aquele comboio, depois outro, até conseguir «descolar» dele.

- Depois telefono-lhe - disse-lhe por fim.

- Está bem, meu velho:

- Telefono-lhe por volta do meio-dia.

Descemos vagarosamente os degraus.





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