O Grande Gatsby - Cap. 3: Capítulo III Pág. 45 / 173

Havia três casais e o «escolta» de Jordan, um persistente estudante universitário dado a insinuações violentas e obviamente sob a impressão de que, mais cedo ou mais tarde, Jordan acabaria por se render a ele em maior ou menor grau. Em vez de se dispersar, este grupo tinha preservado uma digna homogeneidade e chamado a si próprio a função de representar a circunspecta nobreza rural - era East Egg a condescender com West Egg e cuidadosamente em guarda contra a sua fantástica jovialidade.

- Vamo-nos embora - segredou Jordan, passada uma meia hora de certo modo desperdiçada e inconveniente; - isto é requintado demais para o meu gosto.

Levantámo-nos e ela explicou que íamos procurar o dono da casa: que eu nunca lhe tinha sido apresentado, disse ela, e por isso não me sentia à vontade. O estudante universitário acenou a cabeça numa atitude de cínica melancolia.

O bar, para onde primeiro espreitámos, estava à cunha, mas Gatsby não estava lá. Ela não conseguiu descobri-lo do cimo da escadaria e na varanda também não estava. Ao acaso, abrimos uma porta de aspecto imponente e entrámos numa biblioteca do gótico superior, apainelada de carvalho inglês entalhado e provavelmente trazida em bloco de alguma ruína económica de além-mar.

Um sujeito corpulento, de meia-idade, com uns óculos tão grandes que parecia uma coruja, e um tanto ou quanto embriagado, estava sentado na borda de uma mesa enorme, a contemplar com incerta concentração as prateleiras cheias de livros. Assim que entrámos, rodou sobre si mesmo com ar excitado e examinou Jordan da cabeça aos pés.

- Que acham? - perguntou impiedosamente.

- De quê?

Abanou a mão na direcção das estantes.

- De tudo aquilo! Mas vocês não precisam de se dar ao incómodo de verificar.





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