Por volta da meia-noite, a hilaridade geral tinha aumentado. Um tenor célebre tinha cantado em italiano e uma notória contralto entoara o seu excerto de
jazz, e nos intervalos dos números havia pessoas a fazer «habilidades» pelo jardim, enquanto alegres e ocas explosões de gargalhadas se erguiam para o céu de Verão. Um par de actrizes gémeas, que mais não eram que as raparigas de amarelo, executaram um número de bebés em vestes adequadas, e o champanhe foi servido em taças maiores que lava-dedos. A Lua já ia mais alta e no Sound flutuava um triângulo de lâminas de prata que parecia estremecer levemente às duras vibrações de lata dos banjos sobre a relva.
Eu continuava acompanhado de Jordan Baker. Estávamos sentados numa mesa com um sujeito mais ou menos da minha idade e uma rapariguita estarola que, à mínima provocação, desatava numa gargalhada incontrolável. Agora estava a divertir-me de verdade. Já tinha bebido duas taças de champanhe e, aos meus olhos, a cena transformara-se em algo de significativo, elementar e profundo.
Em dado momento de intervalo do espectáculo, o dito sujeito olhou para mim e sorriu-se.
- A sua cara não me é estranha - disse cortesmente. - Não fez parte da Primeira Divisão durante a guerra?
- Realmente, fiz. Era de Infantaria 28.
- E eu estive na 16, até Junho de 1918. Bem me parecia que já o tinha visto em qualquer parte.
Conversámos durante algum tempo acerca de certas aldeolas húmidas e sombrias de França. Era óbvio que vivia nas redondezas, pois disse-me que tinha acabado de comprar um hidroplano e que ia experimentá-lo logo de manhã.
- Quer ir comigo, meu velho? É só até perto da costa, ao longo do Sound.
- A que horas?
- À hora que mais lhe convier.
Ia eu mesmo a perguntar-lhe como se chamava, quando Jordan olhou em volta e sorriu.