- Se precisar de alguma coisa, é só pedir, meu velho! - instou ele comigo. - Agora dê-me licença. Mais logo voltarei a estar consigo.
Assim que ele se retirou, voltei-me para Jordan - como se obrigado a assegurar-lhe a minha surpresa. Esperava que o senhor Gatsby fosse um homem corpulento e saudável de meia-idade.
- Quem é ele? - perguntei. - Você sabe?
- É apenas um homem que se chama Gatsby.
- Donde é ele, quero eu dizer? E o que faz?
- Lá está você a bater na mesma tecla - respondeu ela com um lânguido sorriso. - Bem, ele disse-me uma vez que tinha andado em Oxford.
Um vago pano de fundo começou a tomar forma por detrás dele, mas desvaneceu-se à observação que ela fez a seguir:
- No entanto, eu não acredito.
- E por que não?
- Não sei - insistiu -, simplesmente não acredito que ele lá tenha andado.
Qualquer coisa no seu tom me fez lembrar o «Acho que ele matou um homem» da outra rapariga e teve como efeito estimular a minha curiosidade. Teria aceitado sem discussão a informação de que Gatsby surgira dos pântanos de Louisiana ou do baixo lado leste de Nova Iorque. Até aí, era compreensível. Mas - pelo menos assim julgava eu com a minha provinciana inexperiência - um rapaz novo não surge assim por surgir de nenhures, só para comprar um palacete em Long Island Sound!
- Em todo o caso, ele dá grandes festas - disse Jordan, mudando de assunto com uma urbana aversão ao concreto. - E eu gosto de festas grandes. Acabam sempre por ser tão íntimas!... Nas festas pequenas não há privacidade nenhuma.
Ouviu-se o rufar de um tambor grave e a voz do chefe da orquestra ressoou de súbito por cima da ecolália do jardim:
- Senhoras e senhores! A pedido do senhor Gatsby vamos agora tocar para vocês a última obra do senhor Vladimir Tostoff que, em Maio passado, tanto interesse despertou no Carnegie Hall.