O Grande Gatsby - Cap. 3: Capítulo III Pág. 50 / 173

Se lêem os jornais, já sabem a grande sensação que causou. - Sorriu com jovial condescendência e acrescentou: - E que sensação! - ao que toda a gente se riu.

- A obra é conhecida - concluiu vigorosamente - por História do Mundo em Jazz, de Vladimir Tostoff!

A natureza da composição do senhor Tostoff escapou-me, pois no preciso momento em que começou os meus olhos caíram sobre Gatsby, de pé, e sozinho, na escadaria de mármore, a olhar de um grupo para o outro em ar de aprovação. A sua pele bronzeada e lisa tornava-lhe o rosto atraente e o cabelo curto parecia que era cortado todos os dias. Não vi nele nada de sinistro e perguntei a mim próprio se não seria o facto de ele não beber que contribuía para o manter à parte dos seus convidados, pois, efectivamente, parecia-me que ele se tornava mais correcto à medida que a fraternal hilaridade aumentava. Quando a História do Mundo em Jazz acabou, algumas raparigas começaram a encostar a cabeça, como cachorrinhos, no ombro dos homens, de um modo social, outras faziam que desmaiavam nos braços dos homens, ou mesmo em pleno grupo, com a certeza de que alguém apararia as suas quedas - mas nenhuma delas caiu nos braços de Gatsby, nenhum penteado à francesa roçou pelo ombro de Gatsby e nenhum quarteto de vozes se formou, tendo a cabeça de Gatsby por um dos elos.

- Queira desculpar!

O mordomo de Gatsby estava, subitamente, de pé ao nosso lado.

- Miss Baker? - perguntou. - Peço-lhe desculpa, mas o senhor Gatsby gostaria de falar consigo a sós.

- Comigo? - exclamou, surpreendida.

- Sim, minha senhora!

Levantou-se devagar, erguendo as sobrancelhas com espanto para mim e seguiu o mordo mo até casa. Reparei então que ela envergava o vestido de noite, todos os vestidos, como se fosse roupa de desporto - havia nos seus movimentos uma ligeireza, como se tivesse aprendido a andar em campos de golfe, em manhãs claras e glaciais.





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