O Grande Gatsby - Cap. 3: Capítulo III Pág. 52 / 173

não aguentou mais e recorreu aos ataques de flanco - aparecia, com intervalos, abruptamente ao seu lado, como um diamante zangado, sibilando-lhe ao ouvido: «Tu prometeste!»

Esta relutância em ir para casa não se limitava aos ébrios. De momento, o hall estava ocupado por dois homens deploravelmente sóbrios e pelas respectivas mulheres, altamente indignadas, que se queixavam uma à outra, num tom de voz ligeiramente elevado.

- De cada vez que ele vê que estou a divertir-me, quer logo ir para casa.

- Nunca, na vida, vi coisa mais egoísta!

- Somos sempre os primeiros a ir para casa.

- Também nós.

- Ainda bem que esta noite somos praticamente os últimos!- disse um dos homens, timidamente. - A orquestra já se foi embora há meia hora.

Apesar de as mulheres concordarem em que uma tal malevolência ultrapassava os limites da credibilidade, a disputa terminou numa luta breve e ambas as esposas foram levadas pelo ar, a pontapear, noite dentro.

Enquanto esperava, no hall, que me trouxessem o chapéu, a porta da biblioteca abriu-se e Jordan Baker e Gatsby saíram na companhia um do outro. Ele dirigia-lhe uma última palavra, mas a veemência dos seus modos reduziu-se abruptamente à formalidade, quando várias pessoas se aproximaram dele para se despedirem.

O grupo de Jordan chamava-a impacientemente do pórtico, mas ela demorou-se um instante a apertar mãos.

- Acabo de ouvir a coisa mais espantosa! - murmurou.

- Quanto tempo estivemos lá dentro?

- Para aí uma hora.

- Foi... simplesmente espantoso! - repetiu meio abstracta. - Mas jurei que não dizia nada e aqui estou eu a tantalizá-lo. - Bocejou-me graciosamente na cara. - Venha ver-me um dia destes... lista dos telefones... No nome da senhora Sigourney Howard.





Os capítulos deste livro