O Grande Gatsby - Cap. 3: Capítulo III Pág. 53 / 173

.. Minha tia...

Corria para a porta enquanto falava - com a mão morena acenou-me um adeus desportivo e já se fundia no grupo, que a esperava à porta.

Deveras envergonhado por me ter demorado tanto, logo à primeira vez que comparecia, associei-me aos últimos convivas de Gatsby, que se aglomeravam à sua volta. Queria explicar-lhe que o tinha procurado logo ao princípio da noite e pedir-lhe desculpa por não o ter reconhecido no jardim.

- Não me fale nisso! - ordenou-me com vivacidade. - Não pense mais nisso, meu velho.

A expressão familiar não continha maior familiaridade do que a mão que, tranquilizadoramente, me roçou no ombro.

- E não se esqueça de que amanhã de manhã, às nove horas, vamos andar de hidroplano.

Depois, o mordomo veio dizer-lhe por detrás do ombro:

- Senhor, Philadelphia chama-o ao telefone.

- Está bem, é só um minuto! Diga-lhes que vou já a seguir... Boa noite.

- Boa noite.

- Boa noite. - Sorriu e de repente pareceu-me que isso significava a sua satisfação por eu ter sido dos últimos a sair, como se o tivesse desejado todo o tempo. - Boa noite, meu velho... Boa noite.

Mas, ao descer as escadas, percebi que a noite ainda não tinha acabado. A cinquenta pés da porta, uma dúzia de pares de faróis iluminavam uma cena bizarra e tumultuosa. Na vala ao lado da estrada, com o lado direito levantado, mas violentamente privado de uma roda, repousava um coupé novo que, não havia ainda dois minutos, tinha deixado os acessos de Gatsby. Uma saliência aguda da parede respondia pela desarticulação da roda, que suscitava agora considerável atenção por parte de meia dúzia de motoristas curiosos. Mas como tinham deixado os carros a bloquear a estrada, havia algum tempo que se ouvia o buzinar áspero e discordante dos da retaguarda, que aumentava a já violenta confusão da cena.





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