O Grande Gatsby - Cap. 1: Capítulo I Pág. 8 / 173

- Não fiquem agora para aí a pensar que a minha opinião sobre estas questões é definitiva - parecia ele dizer só porque sou mais forte e mais viril do que vocês.

Pertencíamos à mesma associação de seniores e, embora nunca tivéssemos sido amigos íntimos, sempre tive a impressão de que ele me aceitava e queria que eu gostasse dele com aquela insaciabilidade rude e provocadora que lhe era peculiar.

Conversámos durante alguns minutos no soalheiro pórtico.

- Tenho aqui um belo espaço- disse, com os olhos a relampejarem à volta, irrequietamente. Agarrando-me por um braço, fez-me dar meia volta e com uma mão larga e espalmada varreu o panorama em frente, incluindo na sua varre dela um jardim italiano, numa depressão de terreno, meio acre de rosas pungentes e escuras e um barco a motor de nariz arrebitado, que balançava com a maré a pouca distância da praia.

- Tudo isto pertencia ao Demaine, o homem dos petróleos. - Fez-me dar outra meia volta, de uma forma delicada mas abrupta. - Ora entremos.

Atravessando um átrio de tecto alto, entrámos num espaço cor-de-rosa-brilhante, que confinava com a casa fragilmente, por meio de portas envidraçadas em cada uma das extremidades. As portas estavam entreabertas e difundiam uma fulgurante luz branca, em contacto com a relva viçosa, lá fora, que parecia estar a crescer rapidamente para dentro de casa. Pela sala corria uma brisa que, numa das extremidades, puxava os cortinados para dentro e, na outra, os atirava para fora como pálidas bandeiras, retorcendo-os para cima em direcção ao bolo de casamento «glacê» do tecto e enrugando-os de seguida sobre o tapete cor de vinho, fazendo-lhe sombra como o vento faz sobre o mar.

O único objecto verdadeiramente estacionário da sala era um enorme sofá, no qual duas mulheres novas pareciam boiar como se estivessem num balão ancorado.





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