Estavam ambas de branco e os seus vestidos enrugavam-se e esvoaçavam, como se o vento tivesse acabado de as depositar ali, após um breve voo à volta da casa. Devo ter ficado uns bons momentos a escutar o fustigar e o entalar dos cortinados e o gemer de um quadro na parede. A seguir houve um estrondo, quando Tom Buchanan fechou as portas por detrás de mim, e o vento prisioneiro espalhou-se pela sala até desaparecer, e os cortinados, os tapetes as duas mulheres novas aterraram lentamente como de balão.
A mais nova delas era-me desconhecida. Estava estendida a todo o comprimento na extremidade do sofá que ocupava, completamente imóvel e com o queixo ligeiramente levantado, como se sobre ele tentasse equilibrar qualquer coisa que, com toda a probabilidade, ia cair. Se me viu pelo canto dos olhos, não deu sinais disso - na verdade, quase me surpreendi a murmurar um pedido de desculpa por ter vindo perturbá-la com a minha entrada.
A outra rapariga, Daisy, fez menção de se levantar - inclinou-se ligeiramente para a frente, numa atitude conscienciosa - e depois riu-se, com um risinho absurdo e ao mesmo tempo encantador, e eu ri-me também e avancei pela sala dentro.
- Estou paralisada de-felicidade,
Riu-se outra vez como se tivesse dito algo de muito espirituoso e segurou-me na mão um instante, olhando-me na cara, como que a assegurar que não havia ninguém no mundo que mais desejasse ver. Fazia parte da sua maneira de ser, Sugeriu num murmúrio que o apelido da rapariga equilibrista era Baker, (lá tinha ouvido dizer que Daisy murmurava só para obrigar as pessoas a inclinarem-se sobre ela; uma crítica irrelevante que nem por isso tornava menos encantador este seu gesto.)
De qualquer forma, os lábios de Miss Baker vibraram, fez-me um aceno de cabeça quase imperceptível e voltou a incliná-la rapidamente para trás - o objecto que tentava equilibrar no queixo tinha, obviamente, titubeado um pouco e isso assustara-a.