A garganta dela, de uma beleza cheia de dor e sofrimento, só podia falar de uma alegria inesperada:
- Estou muito contente, Jay!
- Quero que você e a Daisy venham a minha casa - disse ele -, gostava de lha mostrar.
- Tem a certeza de que quer que eu vá?
- Absoluta, meu velho!
Daisy subiu ao andar de cima para lavar a cara - tarde demais, pensei eu, com humilhação, nas minhas toalhas enquanto Gatsby e eu aguardávamos no relvado.
- A minha casa tem bom aspecto, não tem? - perguntou. - Veja como o sol bate em toda a frontaria!
Concordei que era esplêndida.
Percorreu com os olhos a casa toda, das portas em arco à torre quadrada.
- Pois é verdade, levei só três anos a ganhar o dinheiro que ela me custou.
- Julguei que você tinha herdado.
- E herdei, meu velho - respondeu automaticamente -, mas perdi quase tudo no grande pânico... no pânico da guerra.
Pareceu-me que mal sabia o que estava a dizer, pois quando lhe perguntei qual era o ramo do seu negócio, respondeu: «Isso é comigo!», antes de se aperceber de que não era resposta que se desse.
- Oh, já estive metido em várias coisas - corrigiu-se. - Estive no negócio de produtos farmacêuticos e depois no do petróleo. Mas agora não estou nem num nem no outro. - Olhou-me com mais atenção.- Quer dizer que esteve a ponderar no que lhe propus naquela noite?
Antes que eu pudesse responder, Daisy saiu de casa e as duas filas de botões de metal do seu vestido raiaram à luz do sol.
- É aquela casa enorme, além? - exclamou ela, apontando.
- Gosta?
- Adoro, mas não percebo como é que você consegue ali viver sozinho!
- Tenho-a, noite e dia, cheia de gente interessante. De gente que faz coisas interessantes.