— A partir de amanha, Nastenka, a partir de amanha. Tenho ainda qualquer coisa a pagar do aluguer, mas não tem importância... Estou quase a receber os meus proventos...
— Além de mais, talvez eu possa dar lições. Aprenderei primeiro e darei depois lições...
— Pois bem, isso é estupendo... e eu estou prestes a receber uma gratificação, Nastenka...
—Então, venha amanhã e será meu hóspede...
— Sim, e iremos ouvir O Barbeiro de Sevilha, pois vão levá-lo à cena novamente.
— Sim, iremos...— concordou, rindo-se, Nastenka.—Não, será melhor não ver O Barbeiro, mas outra ópera qualquer...
— Sim, óptimo, outra ópera qualquer... Certamente, será preferível. Não tinha pensado nisso...
Falando assim, caminhávamos ambos como que embriagados, imersos num nevoeiro, não sabendo nós próprios definir o que nos estava a aconteceu Tão depressa nos detínhamos para conversar, ficando longamente parados, como recomeçávamos a andar e íamos dar Deus sabe onde e novamente explodíramos em gargalhadas, em lágrimas... como Nastenka decidia, bruscamente, voltar a casa, não ousando eu retê-la e querendo acompanhá-la até à porta; punhamo-nos a caminho e, subitamente, ao cabo de um quarto de hora, voltávamos para o cais, para diante do nosso banco. Inesperadamente, ela soltava um suspiro e, de novo, uma lágrima brotava dos seus olhos e eu ficava tímido, gélido... Mas logo estreitava a minha mão na sua e me arrastava de novo, a caminhar, tagarelar, conversar...