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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 182

Por baixo das árvores corriam veredas de cascalho, agora invisíveis, com cómodos bancos nos quais K. se tinha estiraçado a descansar durante muitos Verões. «Eu não queria parar», disse ele aos seus companheiros, envergonhado pela sua amável complacência. Por detrás de K., um deles parecia estar a censurar cortesmente o outro pela errada paragem que haviam feito e, em seguida, os três retomaram a marcha. Passaram por diversas ruas que subiam e nas quais se viam policias parados ou a patrulhar de espaço a espaço; algumas vezes muito longe, outras vezes muito perto. Um deles, com um espesso bigode, a mão no punho do sabre, surgiu como que de propósito perto do grupo de aparência não completamente inofensiva. Os dois cavalheiros pararam e o policia parecia estar já a abrir a boca, mas K. puxou à força os seus companheiros para a frente. Ele continuou a olhar à sua volta para ver se o policia os seguia e, logo que uma esquina se interpôs entre eles e o policia, começou a correr e os seus companheiros, mesmo com o pouco fôlego com que estavam, tiveram de correr ao lado dele.

Assim, saíram apressadamente da cidade, que, neste ponto, se fundia quase sem transição com os campos abertos. Uma pequena pedreira, deserta e abandonada, ficava muito perto de uma moradia ainda totalmente urbana. Aqui os dois homens fizeram uma paragem, ou porque este local fosse o seu objectivo desde o inicio ou porque se sentiam extenuados para prosseguir. Então, afrouxaram o seu aperto a K., que permaneceu silenciosamente à espera, tiraram os chapéus altos e limparam o suor da testa com os seus lenços, enquanto examinavam a pedreira. O luar brilhava sobre tudo com aquela simplicidade e serenidade que nenhuma outra luz possui.

Após uma troca de amáveis formalidades acerca de qual deles seria o primeiro na execução da próxima tarefa—estes emissários pareciam não ter recebido instruções especificas no cargo atribuído conjuntamente a ambos—, um deles dirigiu-se a K. e despiu-lhe o casaco, o colete e, finalmente, a camisa. K. tremeu involuntariamente, pelo que o homem lhe deu uma ligeira palmada tranquilizadora nas costas. Em seguida, dobrou cuidadosamente as roupas e juntou-as como se tivessem de ser usadas outra vez noutra altura, se bem que não imediatamente. Para não deixar K. de pé, imóvel, exposto à brisa nocturna, que estava mais do que gelada, pegou-lhe no braço e fê-lo andar para trás e para diante durante um bocado, enquanto o seu colega procurava encontrar na pedreira um local apropriado.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 182

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179