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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 65

CAPITULO V

O algoz

Umas noites mais tarde, ia K a passar pelo corredor do Banco que ligava o seu gabinete à escada principal—era quase o último a sair, visto que só dois funcionários da secção de expedições estavam ainda a trabalhar à luz fraca de uma vela a arder—quando ouviu alguém chorar convulsivamente atrás de uma porta que toda a vida pensara ser de um quarto de arrumações, se bem que jamais a tivesse aberto. Parou, surpreendido, e escutou para se certificar de que não estava enganado—tudo estava sossegado, mas uns instantes depois os soluças recomeçaram. A princípio, pensou em chamar um dos funcionários, pois poderia precisar de uma testemunha, mas sentiu-se tão cheio de curiosidade que não resistiu e escancarou a porta. Era, como correctamente pensara, um quarto de arrumações. Inúteis papéis velhos e frascos de tinta vazios amontoavam-se por detrás da porta. Contudo, dentro do quarto estavam três homens inclinados, por o tecto ser muito baixo, perto da luz de uma vela colocada numa prateleira. Que fazem aqui?», indagou K com muita pressa e nervosismo, mas num tom de voz baixo. Um dos homens, que tinha visível supremacia sobre os outros dois e que chamava logo a atenção, estava envolto numa espécie de vestimenta de couro escuro que lhe deixava o pescoço e um bom bocado do peito e os braços todos nus. Este não respondeu, mas os outros dois gritaram: «Senhor! Estamos a ser açoitados porque o senhor se queixou de nós ao Juiz de Instrução.» Só então é que K. verificou tratar-se dos guardas Franz e Willem e que o terceiro homem tinha na mão um açoite para com ele lhes bater. «Porquê?», indagou K., fitando-os estupefacto. «Nunca reclamei, apenas contei o que se tinha passado no meu quarto. E, afinal, o vosso procedimento não foi impecável.» «Senhor», exclamou Willem enquanto Franz tentava claramente esconder-se por detrás dele para que o terceiro homem o não pudesse atingir, «se ao menos soubesse como somos mal pagos, não teria sido tão duro connosco. Tenho família para sustentar e Franz quer casar-se; um homem pode tentar tudo, mas não consegue enriquecer ainda que trabalhe duramente de noite e de dia.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 65

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179