Capítulo 11: Capítulo 11
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Platão é entediante. - Por fim, minha desconfiança junto a Platão vai até o fundo: eu o considero tão desviado de todos os instintos fundamentais dos helenos, tão moralizado, tão pre-existentemente cristão - ele já tinha o conceito "bom" enquanto o conceito supremo -, que gostaria de utilizar em relação a todo o fenômeno Platão antes a dura expressão "o mais alto embuste", ou, se se preferir escutar, mais do que qualquer outra palavra, o mais alto Idealismo. Pagou-se caro pelo fato deste ateniense ter estudado com os egípcios (- ou com os judeus no Egito? ... ) Em meio à grande fatalidade do cristianismo, Platão é esta fascinação dúbia chamada "Ideal", que tornou possível para as naturezas nobres da antiguidade compreender mal a si mesmas e pôr os pés sobre a ponte que conduziu até a "cruz"... E o quanto de Platão há ainda no conceito "igreja", na construção, no sistema, na práxis da igreja! - Meu descanso, minha predileção, minha cura de todo platonismo sempre foi Tucídides. Tucídides, e, talvez, o Príncipe de Maquiavel são maximamente aparentados comigo mesmo através da vontade incondicionada de não se deixar engambelar e de considerar a razão na realidade - não na "razão", menos ainda na "moral"... Da lastimável utilização de tons pastéis por parte dos gregos, sob a roupagem de ideal, que o jovem "classicamente formado" carrega em meio à vida como recompensa por sua aplicação no colégio, nada cura tão fundamentalmente quanto Tucídides. É preciso virá-lo de cabeça para baixo linha por linha e decifrar tão distintamente os seus pensamentos implícitos quanto as suas palavras: existem poucos pensadores tão ricos em pensamentos implícitos. Nele a cultura dos sofistas, quer dizer, a cultura dos realistas, alcançou a sua expressão plena: este movimento inestimável em meio ao embuste moral e ideal, que irrompia por toda parte, em meio ao embuste moral e ideal da escola socrática.
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Páginas: 106
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