Capítulo 6: Capítulo 6
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Ela consiste em se compreender profundamente o valor que possui o fato de se ter inimigos. Em resumo: frente ao modo como se agia e concluía outrora, se age e conclui agora inversamente. A igreja sempre quis, em todos os tempos, a aniquilação de seus inimigos: nós, imoralistas e anticristãos, vemos nossa vantagem no fato de que a igreja subsiste... No campo político, a inimizade também se tornou agora algo mais espiritualizado. Muito mais prudente, muito mais meditativo, muito mais cuidadoso. Quase todos os partidos compreendem que os interesses de sua autoconservação apontam para a necessidade dos partidos opositores não perderem suas forças; o mesmo vale para o grande político. Uma nova criação sobretudo, algo como um novo império, tem os inimigos como mais necessários do que os amigos: somente na oposição ele se sente necessário, somente na oposição ele se torna necessário... Nós não nos comportamos de modo diverso frente ao "inimigo interior": também aí espiritualizamos a inimizade, também aí compreendemos seu valor. É preciso ser rico em oposições, e só pagando esse preço que se é fecundo; só se permanece jovem sob a pressuposição de que a alma não se espreguiça, não anseia pela paz... Nada nos parece mais estranho do que o que era desejável outrora, o que era desejável para o cristão: a "paz da alma". Nada nos deixa menos invejosos do que a vaca moral e a felicidade balofa da boa consciência. Renunciou-se à vida grandiosa quando se renunciou à guerra: Em muitos casos, por sorte, a "paz da alma" é apenas um mal-entendido, - algo diverso que apenas não sabe se denominar de um modo mais honroso. Sem rodeios e preconceitos, aqui temos alguns casos.
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