Capítulo 10: Capítulo 10
Página 79
Eu agradeço muito! - Permito-me como resposta lançar a pergunta: nos tornamos realmente mais morais? Que todo mundo acredita nisto é já uma objeção contra isto... Nós homens modernos, muito temos, facilmente magoáveis, tomando e oferecendo centenas de considerações, supomos de fato que esta humanidade terna que apresentamos, que esta unanimidade atingida em relação à deferência, à prontidão para a ajuda, à confiança mútua é um progresso positivo, que com isto estamos muito para além dos homens da renascença. Mas toda época pensa assim e precisa pensar assim. Certo é que não temos o direito de nos inserir em disposições da Renascença, nem mesmo sequer imaginar a nós mesmos aí: nossos nervos não suportariam aquela realidade, para não falar de nossos músculos. Mas com esta incapacidade não está provado nenhum progresso, senão apenas uma outra constituição mais tardia, mais fraca, mais tenra, mais vulnerável, a partir da qual produz-se uma moral mais cheia de considerações. Se eliminarmos a nossa ternura e o nosso caráter tardio, nosso envelhecimento fisiológico, então a nossa moral da "humanização" perderia imediatamente o seu valor - em si, nenhuma moral tem valor - ela traria menosprezo para nós mesmos. Não duvidemos por outro lado de que nós modernos, com nossa humanidade espessamente acolchoada, que não quer absolutamente se chocar com nenhuma pedra, daria aos contemporâneos de César Bórgia uma comédia digna de morrer de rir. De fato, somos involuntariamente divertidos para além das medidas, com as nossas "virtudes" modernas...
|
|
 |
Páginas: 106
|
|
|
|
|
|
Os capítulos deste livro:
|
|
|