Crepúsculo dos Ídolos - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 83 / 106

O homem livre é guerreiro. - A partir de que critério se mensura a liberdade dos indivíduos, assim como dos povos? A partir da resistência que precisa ser superada, a partir do esforço que custa para permanecer em cima. Teria de se procurar o tipo mais elevado de homem livre lá, onde constantemente se supera a mais elevada resistência: cinco passos além da tirania, colado no umbral do risco da servidão. Isto é psicologicamente verdadeiro, se se compreender aqui sob os "tiranos" instintos implacáveis e terríveis, que exigem o máximo de autoridade e disciplina contra si: o tipo mais belo é Júlio César; isto também é politicamente verdadeiro, basta percorrer o caminho histórico. Os povos que tiveram um certo valor, que foram valorosos, nunca o foram sob instituições liberais: o grande perigo fazia algo com eles, que merece veveração; o perigo que nos ensina pela primeira vez a conhecer nossos recursos, nossas virtudes, nosso valor e nossas armas, nosso espírito - que nos obriga a sermos fortes... Primeiro princípio: temos de precisar ser fortes: senão nunca nos tornamos fortes. - Aquelas grandes estufas para uma espécie humana forte, para a mais forte das espécies humanas que até hoje existiu, aquelas coletividades aristocráticas à moda de Roma e de Veneza entendiam a liberdade exatamente no mesmo sentido que eu compreendo esta palavra: enquanto algo que se tem e não se tem, que se quer, que se conquista...

39.

Crítica da Modernidade. - Nossas instituições não prestam mais para nada: quanto a isto se é unânime. Isto não reside contudo nelas mesmas, mas em nós. Depois de todos os instintos, a partir dos quais as instituições crescem, desaparecerem de nosso horizonte, desaparecem de nosso horizonte as instituições em geral, porque não valemos mais nada para elas.





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