Homenagem à Catalunha - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 108 / 193

Não se pode ter certeza neste particular, mas era ao menos inerentemente possível que o Governo britânico, que não movera uma palha para salvar o Governo espanhol dos ataques desferidos por Franco, interviria com rapidez suficiente para salvá-lo de sua própria classe trabalhadora.

Os dirigentes do P.O.U.M. não se furtaram à questão, e na verdade incentivaram seus seguidores a continuar nas barricadas, chegando a proporcionar sua aprovação (em La Bataila, 6 de maio) ao panfleto extremista publicado pelos Amigos de Durruti. (Reina grande incerteza a respeito desse documento, do qual parece que ninguém possui um único exemplar.) Em alguns dos jornais estrangeiros o panfleto era descrito como "cartaz inflamativo" que fora "afixado por toda a cidade". É certo que tal cartaz não existiu. Mediante a comparação de diversos relatos a seu respeito. eu diria que o panfleto pedia: (1) a formação de um conselho (junta) revolucionário, (2) o fuzilamento dos responsáveis pelo ataque desfechado contra o Centro Telefônico, (3) o desarmamento dos Guardas Civis. Reina igual incerteza até que ponto La Bataila manifestou seu acordo ao panfleto. Eu mesmo não vi. esse documento, ou a edição de La Bataila daquela data. O único que pude ver durante a luta foi o publicado pelo pequeno grupo de trotskistas ("bolchevista-leninistas") em 4 de maio, que dizia apenas: "Todos ás barricadas - greve geral de todas as indústrias, menos as de guerra". (Em outras palavras, pedia apenas o que já estava ocorrendo.) Na realidade, a atitude dos dirigentes do P.O.U.M. era hesitante. Jamais estiveram a favor de insurreição, até estar ganha a guerra contra Franco; por outro lado os trabalhadores saíram às ruas, e os dirigentes do P.O.U.M. adotaram a linha marxista bastante pedante. de que quando os trabalhadores se encontram nas ruas o dever dos partidos revolucionários é estar com eles. Daí, embora pronunciassem refrões revolucionários a respeito do "redespertar do espírito de 19 de julho" e assim por diante, terem feito o possível para limitar a ação dos trabalhadores à defensiva, jamais ordenaram, por exemplo, que se desfechasse qualquer ataque a um edifício, e simplesmente ordenavam a seus seguidores que ficassem de guarda e, como mencionei no último capítulo, não abrir fogo enquanto isso pudesse ser evitado. La Batalla emitiu também instruções no sentido de que soldado algum deveria deixar a linha de frente. Eu diria que a responsabilidade do P.O.U.M. chega ao ponto de instar com todos para ficarem nas barricadas, e provavelmente persuadiu alguns a ficarem ali mais tempo do que o necessário.





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