Os que se encontravam em contato pessoal com os dirigentes do P.O.U.M. nessa época (eu não estava) disseram-me que, na verdade, eles se achavam descorçoados por aquilo tudo, mas achavam que deviam associar-se ao caso. Em seguida, como é claro, fizeram exploração política desse ponto, na maneira de costume. Gorkin, um dos dirigentes do P.O.U.M. viria mais tarde falar dos "dias gloriosos de maio". Do ponto de vista propagandístico, pode ter sido essa a linha certa, sendo certo que o P.O.U.M. aumentou um pouco em número de adeptos naquele curto período anterior à sua supressão. Do ponto de vista tático, provavelmente foi um erro o dar abrigo ao folheto dos Amigos de Durruti, que constituíam organização muito pequena e via de regra hostil ao P.O.U.M. Levando-se em conta a agitação geral e as coisas que eram ditas em ambos os lados, o folheto na verdade não significava muito mais do que "Fiquem nas barricadas!", mas por parecer aprová-lo, enquanto Solidaridad Obrera, o jornal anarquista, o repudiava, os dirigentes do P.O.U.M. facilitaram à imprensa comunista declarar posteriormente que a luta fora um tipo de insurreição engendrada unicamente pelo P.O.U.M. Podemos estar certos, no entanto, de que a imprensa comunista diria isso de qualquer maneira. Aquilo era nada, em confronto às acusações que se faziam tanto antes quanto depois, com base em provas ainda menores do que essa. Os dirigentes da C.N.T. não ganharam grande coisa por causa de sua atitude cautelosa. Foram louvados por sua fidelidade, mas expulsos do Governo e do Generalato.
Com base no que se dizia não existia qualquer intenção revolucionária verdadeira em parte alguma. As pessoas que guarneciam as barricadas eram trabalhadores comuns da C.N.T., provavelmente com certa proporção de trabalhadores da U.G.T. em seu meio, e o que visavam não era derrubar o Governo, mas resistir ao que, certos ou errados, acreditavam ser um ataque desferido pela policia. Sua ação foi essencialmente defensiva, e não acho que devesse ser descrita (o que ocorreu em quase todos os jornais estrangeiros) como um "levante". Um levante é coisa que implica em ação agressiva e plano definido. Com exatidão maior podemos chamar aquilo uma desordem pública - e muito sangrenta, pois ambos os lados dispunham de armas e estavam prontos a utilizá-las.