Vale a pena pararmos um pouco e defini-lo. A palavra "trotskista" é utilizada para representar três coisas distintas:
(1) Aquele que, como Trotski, prega a "revolução mundial", contra "o socialismo num só pais". De modo mais frouxo, designa o extremista revolucionário.
(2) O membro da organização real da qual Trotski é o chefe.
(3) Um fascista disfarçado, que se apresenta como revolucionário e que age principalmente pela sabotagem na U. R. S.S. mas que, de um modo geral, divide e solapa as forças de esquerda.
No primeiro sentido, o P.O.U.M. provavelmente poderia ser descrito como trotskista. O mesmo ocorre, no entanto, à I.L.P. inglesa, à S.A.P. alemã, aos socialistas de esquerda na França, e assim por diante. Mas o P.O.U.M. não tinha qualquer ligação com Trotski ou com a organização trotskista ("bolchevista-leninista"). Ao irromper a guerra, os trotskistas estrangeiros que vieram à Espanha (quinze ou vinte ao todo) trabalharam inicialmente pelo P.O.U.M., por ser o partido mais próximo de sua própria opinião, mas sem tornarem-se membros do mesmo. Mais tarde Trotski ordenara a seus seguidores que atacassem a política do P.O.U.M., e eles eram expurgados dos cargos partidários, embora alguns continuassem na milícia, Nin, que era o dirigente do P.O.U.M. depois de Maurín ser capturado pelos fascistas, foi em certa ocasião o secretário de Trotski, mas o abandonara alguns anos antes e formara o P.O.U.M. pela fusão de diversos comunistas da oposição com um partido anterior, o Bloco de Trabalhadores e Camponeses. A ligação de Nin com Trotski em ocasião anterior foi utilizada pela imprensa comunista para mostrar que o P.O.U.M. era realmente trotskista. Pela mesma linha de argumentação podia-se demonstrar que o Partido Comunista inglês é uma organização fascista, devido à ligação que já existiu entre o Sr. John Strachey e Sir Oswald Mosley.
No sentido da segunda definição, único que se ajusta de modo exato à palavra, decerto o P.O.U.M. não era trotskista. Mostra-se importante fazer a distinção, pois a maioria dos comunistas aceita com naturalidade que o trotskista no segundo sentido seja, invariavelmente, também trotskista no terceiro, isto é, que toda a organização trotskista não passa de uma rede fascista de espionagem. O "trotskismo" só chegou ao conhecimento do público por ocasião dos julgamentos por espionagem, feitos na Rússia, e chamar um homem de trotskista corresponde, praticamente, a chamá-lo de assassino, agent provocateur, etc. Ao mesmo tempo, porém, quem criticar a política comunista de um ponto de vista esquerdista poderá ser denunciado como trotskista.