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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 151
Não havia meio de descobrir quantos foram presos, e minha mulher ouvira dizer que somente em Barcelona o total era de quatrocentos. Mais tarde eu calculei que mesmo naquela época tal número fosse bem maior. E efetuaram prisões das mais disparatadas. Em alguns casos a polícia chegara ao ponto de arrastar milicianos feridos para fora dos hospitais onde se achavam internados.

Tudo aquilo causava abatimento profundo. Que diabo estava acontecendo? Eu podia compreender a extinção do POUM, mas para que estavam prendendo gente? Por nada, até onde se podia descobrir. Parecia que a supressão do P.O.U.M. apresentava efeito retrospetivo, de modo que sendo agora uma organização ilegal, todos quantos pertenceram à mesma estavam transgredindo a lei. Como de costume, nenhum dos presos fora acusado. Enquanto isso os jornais comunistas de Valência soltavam faíscas com o relato de uma imensa "trama fascista", comunicações pelo rádio com o inimigo, documentos assinados com tinta invisível, etc. etc. Já fiz referência anterior a esse caso. O importante era que isso só aparecia nos jornais de Valência, e acredito estar certo ao dizer que não surgiu uma só palavra sobre a questão, ou sobre a supressão do P.O.U.M., em qualquer jornal de Barcelona, fosse ele comunista, anarquista ou republicano. Tomamos conhecimento da natureza exata das acusações contra os dirigentes do P.O.U.M. não em qualquer jornal espanhol, mas nos jornais ingleses que chegavam a Barcelona com um ou dois dias de atraso. O que não podíamos saber naquela época era que o Governo não tinha a responsabilidade pela acusação de traição e espionagem, e que os seus membros iriam mais tarde repudiá-la. Sabíamos apenas vagamente que os dirigentes do P.O.U.M., e presumivelmente todos nós, os filiados menores daquela organização, éramos acusados de estar a soldo dos fascistas. E circulavam já os boatos de que eram feitas execuções secretas nas prisões. Foi grande o exagero nesse particular, mas certamente ocorreu em alguns casos, e não resta dúvida que Nin teve esse destino. Depois de sua prisão, foi transferido para Valência e daí para Madrid, e já a 21 de junho chegava a Barcelona o boato de que fora fuzilado. Mais tarde o boato adquiria forma mais definida: Nin fora fuzilado na prisão pela polícia secreta, e seu corpo jogado na rua. Essa história vinha de diversas fontes, inclusive Federico Montsenys, ex-membro do Governo. A partir daquele dia não se ouviu mais dizer que Nin estivesse vivo. Quando, posteriormente, o Governo foi interrogado pelos delegados de diversos países, seus componentes hesitaram e declararam apenas que Nin desaparecera e eles não conheciam seu paradeiro. Alguns jornais publicaram a história de que ele fugira para território fascista. Prova alguma foi apresentada nesse sentido e Irujo, o Ministro da Justiça, declarou mais tarde que a agência noticiosa Espagne falsificara seu comunicado oficial (16) .

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 151

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173