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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 153
A convocação com a qual eu fora para a linha de frente, a 15 de junho, deve ter sido a última. Ainda estou sem saber como aquilo foi mantido em segredo, pois os caminhões de abastecimento e demais veículos continuavam a trafegar de um lado para outro, mas não resta dúvida de que tal segredo tenha sido mantido e, fiquei sabendo mais tarde, os homens na linha de frente de nada souberam, senão alguns dias depois. O motivo para tudo isso é bastante claro. O ataque a Huesca estava começando, a milícia do P.O.U.M. formava ainda uma unidade separada e, provavelmente, recearam que se os homens soubessem o que ocorria, iriam recusar-se a lutar. Na verdade, nada disso aconteceu, quando chegaram as noticias. Naqueles dias intermediários deve ter havido bom número de homens que morreram sem ao menos saber que os jornais na retaguarda os chamavam de fascistas. Coisas assim são um pouco difíceis de perdoar. Sei que a orientação comum era não deixar que más noticias chegassem às tropas, e talvez isso se justifique como regra. Mas a questão se torna diferente, quando homens são mandados à luta e nem sequer sabem que às suas costas seu partido está sendo suprimido, seus dirigentes acusados de traição, e seus amigos e parentes atirados nas prisões.

Minha mulher começou a contar o que acontecera com nossos amigos. Alguns dos ingleses e outros estrangeiros atravessaram a fronteira. Williams e Stafford Cottman não foram presos quando o Sanatório Maurín foi invadido, e estavam escondidos em algum lugar. O mesmo acontecia a John McNair, que estivera na França e regressara á Espanha depois do P.O.U.M. ser proclamado ilegal - decisão imprudente, mas ele não quisera estar a salvo enquanto seus camaradas se encontravam em perigo. Quanto aos demais, era uma simples repetição: "apanharam Fulano", "apanharam Sicrano", "apanharam Beltrano". Pareciam ter "apanhado" quase todos, e meu espanto foi enorme ao saber que também haviam "apanhado" George Kopp.

-O quê? Kopp? Pensei que ele estivesse em Valência!

Ao que parecia, Kopp regressara a Barcelona, trazendo uma carta do Ministério da Guerra para o coronel-comandante do setor de engenharia na frente oriental. Ele sabia que o P.O.U.M. fora extinto, é claro, e provavelmente não acreditara que a polícia chegasse à estupidez de prendê-lo a caminho do front em urgente missão militar. Viera ao Hotel Continental recolher suas coisas, e na ocasião minha mulher se ausentara. Os elementos do hotel o detiveram com alguma história falsa, enquanto telefonavam à polícia. Reconheço ter ficado com raiva ao saber da prisão de Kopp.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 153

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173