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Capítulo 14: Capítulo 14

Página 192
E com que facilidade esse mínimo poderia ser alcançado, se resolvêssemos prestar-lhe atenção por apenas vinte anos! Elevar o padrão de vida de todo o mundo ao nível alcançado na Grã-Bretanha não constituiria empreendimento maior do que a guerra que acabamos de empreender. Não afirmo, e não conheço quem afirme, que isso resolvesse alguma coisa por si só. O fato é que a privação e o trabalho bruto têm de ser abolidos antes que se possam atacar os verdadeiros problemas da humanidade. O maior problema de nosso tempo está no declínio da crença na imortalidade pessoal, e ele não poderá ser examinado enquanto o ser humano comum está em trabalho servil, como boi de canga, ou tremendo de medo da polícia secreta. Como estão certas as classes trabalhadoras, em seu "materialismo"! Como estão certas, ao compreenderem que o estômago vem antes da alma, não na escala de valores, mas na questão do tempo! É compreendermos isso, e o horror prolongado que estamos sofrendo se torna, ao menos, inteligível. Todas as considerações prestam-se a fazer com que fraquejemos - as vozes estridentes de um Pétam ou um Gandhi o fato inescapável de que para lutar é preciso degradar-se, a posição moral equivoca da Grã-Bretanha, com suas frases democráticas e seu império baseado no trabalho servil, o desenvolvimento sinistro da Rússia soviética, a farsa desbotada da política esquerdista - tudo isso esmaece e vemos apenas a luta do homem comum, que desperta gradualmente, contra os senhores da propriedade e seus empregados, mentirosos e lambe-rabos. A questão é muito simples. Gente como aquele soldado italiano deve ou não deve ter permissão para viver a vida decente e inteiramente humana que hoje se tornou tecnicamente atingível? Deve o homem comum ser empurrado ou não de volta à lama? Pessoalmente acredito, talvez com base insuficiente para isso, que o homem comum vencerá sua luta mais cedo ou mais tarde, mas desejo que seja mais cedo, e não mais tarde - nos próximos cem anos, digamos, e não em algumas épocas situada nos próximos dez mil anos. Era essa a questão verdadeira na guerra civil espanhola, e também da última guerra, e talvez seja a de outras guerras que ainda estão por vir.

Nunca mais vi aquele miliciano italiano, e tampouco fiquei sabendo como se chamava.

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pág. 192 (Capítulo 14)

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 192

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173