Os fascistas estavam disparando bem aquela manhã, e talvez houvesse artilheiros alemães em ação. Examinaram bem a Torre Fabián, pondo um projétil além dela, outro a quem, e depois disso - BUMBA! Eram venezianas que saltavam pelos ares, uma folha de uralita a descer pelo ar como um carta de baralho jogada para cima. A granada seguinte arrancou toda uma esquina de uma das edificações, e o fez tão bem e limpamente quanto um gigante o conseguiria, usando para isso uma faca proporcional a seu tamanho. Mas os cozinheiros saíram com nosso jantar na hora certa, o que constituía feito dos mais louváveis.
Em nossa parte da linha de frente não estava acontecendo grande coisa. A duzentos metros para a direita, estavam os fascistas em terreno mais alto, e ali seus atiradores acertaram alguns companheiros nossos. A duzentos metros para a esquerda, na ponte, travava-se uma espécie de duelo entre os morteiros fascistas e os homens que construíam uma barricada de concreto em cima da ponte. As granadinhas malvadas assoviavam por cima, fazendo um ruído duplamente infernal quando acertavam na estrada de asfalto. A cem metros de distância podia-se estar em perfeita segurança e observar as colunas de terra e fumaça negra que saltavam ao ar como árvores magicamente brotadas do chão. Os pobres coitados ao redor da ponte passaram grande parte do dia acocorados nos pequenos buracos que cavaram no lado da trincheira. Mas houve menos baixas 4o que se podia esperar, e a barricada cresceu sempre, formada por uma muralha de concreto com dois palmos de espessura e embasamento para duas metralhadoras e um pequeno canhão. O concreto estava sendo reforçado com velhas armações de cama, que aparentemente eram o único ferro que se podia encontrar para aquele fim.