Então era aquele o arame farpado de dentro! Passamos por ali rastejando de quatro e com rapidez bem maior. Se tivéssemos tempo para tomar posição agora, tudo estaria bem. Jorge e Benjamin arrastaram-se para a direita, mas os homens que vinham atrás e deveriam espalhar-se, tinham de formar uma fila única para passar pela pequena abertura no arame, e exatamente nesse instante houve um clarão e estampido no parapeito fascista. A sentinela finalmente nos ouvira. Jorge colocou-se de joelho e girou o braço como um jogador de boliche. Sua bomba explodiu em algum lugar no parapeito. No mesmo instante, muito mais depressa do que se teria achado possível, eclodiu o estrondo de dez ou vinte fuzis inimigos. Estavam à nossa espera, afinal de contas. Por momentos dava para ver cada saco de areia naquela luz sinistra. Os homens que se achavam distantes demais arremessavam as bombas, e algumas caíam antes do parapeito. De cada seteira pareciam jorrar jatos de fogo. Sempre é horrível fazerem fogo contra a gente na escuridão - pois cada clarão de disparo de fuzil parece estar apontando diretamente para nós - mas o pior eram as bombas. Não se pode conceber o horror causado por essas armas, a menos que se tenha visto uma delas explodir por perto, em plena escuridão. A luz do dia há somente o estrondo da explosão, mas na treva tem-se também o clarão vermelho e cegante. Eu me jogara ao chão logo aos primeiros disparos. Tudo isso ocorrera enquanto me achava deitado de lado, na lama viscosa, lutando selvagemente com o pino de uma bomba.