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Capítulo 2: II

Página 102

Ela passou-lhe a mão tilintante pelos cabelos, chamando-lhe patife.

- Dá-me um beijo - disse ela.

Os lábios dele não queriam beijá-la. Queria ser abraçado com firmeza, acariciado lentamente, lentamente, lentamente. Nos braços dela, sentia que se tornara subitamente forte e audaz e seguro de si. Mas os seus lábios não condescendiam a beijá-la.

Com um movimento súbito, ela curvou-lhe a cabeça e uniu os seus lábios aos dele, e ele sentiu o significado dos movimentos dela nos seus olhos francos, voltados para os dele. Era de mais para ele. Fechou os olhos, abandonando-se a ela, de corpo e alma, sem consciência de outra coisa que não fosse a pressão tenebrosa dos seus lábios que se entreabriam suavemente. A sua pressão exercia-se tanto sobre o seu cérebro como sobre os seus lábios, como se fossem o veículo de um vago discurso; e, entre eles, sentiu uma pressão desconhecida e tímida, mais tenebrosa que o enlanguescimento do pecado, mais suave do que um som ou um perfume.

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 102

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186