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Capítulo 3: III

Página 118
Se este pensamento estiver sempre presente nas nossas mentes, não poderemos pecar. A morte, motivo de terror para o pecador, é um momento abençoado para aquele que trilhou o caminho recto, cumprindo os deveres da sua estada na vida, fazendo as suas orações matinais e nocturnas, aproximando-se com frequência do sagrado sacramento, e executando obras boas e misericordiosas. Para o católico piedoso e crente, para o homem justo, a morte não é motivo de terror. Não foi Addison, o grande escritor inglês que, no seu leito de morte, mandou chamar o malvado jovem conde Warwick, para que visse como um cristão enfrentava a morte? Apenas o cristão piedoso e crente pode dizer com convicção:

Sepultura, onde está tua vitória?
Morte, onde está teu aguilhão?

Todas aquelas palavras lhe eram dirigidas. Ao seu pecado, vil e secreto, se destinava toda a ira de Deus. A faca do pregador tinha penetrado profundamente na sua consciência exposta e agora sentia que a sua alma estava infestada pelo pecado. Sim, o pregador tinha razão. Tinha chegado a vez de Deus. Como um animal na sua toca, a sua alma jazera no meio da sua podridão, mas os toques de trombeta do anjo tinham-no trazido das trevas do pecado para a luz. As palavras de condenação clamadas pelo anjo estilhaçaram, num instante, a sua paz presunçosa. O vento do último dia soprara na sua mente, os seus pecados, as prostitutas de olhos como jóias da sua imaginação tinham voado diante do furacão, guinchando como ratos, no seu terror, escondendo os rostos sob a madeixa dos cabelos.

Ao atravessar a praça, a caminho de casa, o riso límpido de uma rapariga chegou aos seus ouvidos ardentes. Aquele frágil som de alegria feriu o seu coração com mais força do que o toque duma trombeta e, não ousando erguer os olhos, voltou-se para o lado e fitou, enquanto caminhava, a sombra dos arbustos emaranhados.

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 118

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186